Madeira não é favorável a pagar ao turista

“Não temos o dinheiro que o Governo da República dá aos Açores, nem temos uma companhia aérea própria para o podermos fazer. Mas também somos um destino com características e um desenvolvimento turístico muito diferente. Não sou favorável a uma campanha que paga às pesoas para ir ao destino”, declarou Conceição Estudante, secretária regional do Turismo e Transportes, quando questionada pelo Publituris sobre uma eventual campanha para a Madeira, com os mesmos princípios da VisitAzores. 

Conceição Estudante defende que “pode haver suportes a políticas promocionais e de vendas”, mas que “não se devem ultrapassar determinadas barreiras”. “No mundo do Turismo, há históricos de  operações montadas com uma base muito assente no financiamento local ou regional, cujos efeitos terminaram assim que o apoio desapareceu”, rematou.

Também contactado pelo Publituris, João Welsh, delegado da APAVT na Madeira, expressou opinião idêntica. “Há uma tendência de muitos destinos conseguirem resultados imediatos através de soluções imediatistas. Mas estas são o maior inimigo de uma promoção consistente a médio/ longo prazo nos destinos. De alguma forma, os Açores estão a dizer que pagam para que os turistas vão ao destino. Nós não estamos interessados nisso para a Madeira e espero que o destino nunca chegue a fazê-lo”, afirmou.

O responsável da APAVT na Madeira comenta ainda que “algo está mal quando um destino como os Açores, que foi eleito como as segundas melhores ilhas do mundo [Best Rated Islands, atrás das ilhas Faroé, na Dinamarca] pela National Geographic, esteja agora a pagar para ter turistas”.

Relativamente à Madeira, João Welsh aponta alguns erros do passado. “Fizemos algumas campanhas erradas, com algumas companhias aéreas, nomeadamente com a easyJet. Neste caso, o que se estava a promover era a rota e não o destino, e não é por acaso que a primeira coisa que surgiu no site da easyjet foi uma imagem com um preço dentro do garrafão de vinho, quando temos um vinho Madeira de grande qualidade. A região deve ser promovida como um destino de grande qualidade; um garrafão de vinho dá ideia de um destino massficado e muito barato, por isso é preciso muito cuidado com estas questões”.

Defendendo que é preciso “acreditar no produto” e definir uma estratégia de venda “numa lógica de médio e longo prazo”, João Welsh considera que “a Madeira deve apostar nos mercados certos e fazer campanhas com base no que os turistas priveligiam no destino: a natureza; o clima e o mar; e a cultura”.

in Publituris